UM GRITO ATRÁS DA PAREDE IV: QUANDO A PORTA FINALMENTE É ABERTA
QUANDO
A PORTA FINALMENTE É ABERTA
- Isso parece um cemitério! – disse comigo
mesmo.
Foi com preocupação, mas também com certo
alívio que cheguei em casa. O estômago roncava de fome, enquanto os olhos
pesavam de sono. Era horrível a sensação de fome e sono ao mesmo tempo.
Observei enquanto abria a porta de casa que as luzes embaixo da porta da casa
dela estavam acesas. Por outro lado, só se ouvia o barulho da televisão ligada.
Parecia que não tinha ninguém e que tinham deixado o televisor aberto para
afastar quem quer que tentasse entrar ali para roubar alguma coisa.
Todos esses pensamentos, entretanto, me
ocorriam na periferia da mente. Tudo que mais me preocupava agora era em comer
e dormir por algumas horas antes de sair para trabalhar amanhã, quer dizer...
dali há algumas horas. Na verdade, eu queria ficar em casa e estudar as
matérias para as provas, mas do jeito que as coisas estavam, eu não podia
deixar de sair amanhã... Quem sabe deixar para sair apenas uma parte do dia, ou
então só a noite quando as viagens pagavam melhor...
Pensava essas coisas enquanto colocava a
comida congelada no micro-ondas e entrava no banheiro para tomar um banho. O
sinal do aparelho havia tocado antes de terminar o banho. Me enxuguei e troquei
de roupa, sentindo como se meu corpo pesasse quase quinhentos quilos. Comi
enquanto assistia televisão, animado com a reprise de um filme antigo que
gostava de assistir quando era garoto.
“Cara porque a galera da programação não
coloca esses filmes na grade do dia, ao invés de colocar nesses horários que
ninguém vai ver? Hah! Mas o que é que eu tô dizendo? Eu trabalho o dia todo,
mesmo se passasse eu não ia ter tempo de...”
Batida brusca na porta da casa do lado.
O som surdo de uma pancada, algo caindo no
chão junto ao barulho de móveis e vidros se partindo. Sons de gritos:
- ...ensando que eu sou o quê? Eu saio pra
trabalhar e tu já tá por ai...
- ...u não fiz ...ada!
- ...ovo te vendo na praça...sando com o vizi...
acho... ensa que ...ou sair sem ter ...inguém pra tá te...
- ...as eu não fiz nada!
- ...apariga...morrer...ando acabar eu vou
bater na casa do ôto e vou...matar ele
Ele falou em matar?
Gritos...
- SOCORRO! SOCORRO!
- TÁ TRANCADA PORRA... HOJE TU NÃO ME
ESCAPA...
- A FACA! A FACA! LARGA ESSA FACA CLODOALDO!
QUE É QUE TU TÁ QUERENDO COM ESSA FACA NA MÃO HOMI?!
Batidas na porta e nas paredes:
- SOCORRO! SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA! ELE VAI
ME MATAR! ELE VAI ME MATAR!
Saio correndo, mas mal coloco o pé fora de
casa e a rua já está cheia de pessoas do lado de fora, batendo, mandando que
abrissem, dizendo que haviam chamado a polícia.
- Deve de ter colocado alguma coisa pesada
pra escorar a porta. Ela não cede.
Minutos depois, arrombam a porta e o que
encontram...
- Meu Deus!
Nunca vou me esquecer daquela cena...
CONCLUI NA PRÓXIMA POSTAGEM...

Comentários
Postar um comentário